22 de novembro de 2017

Os maiores guerreiros do mundo #4

Guerras e suas histórias vão sempre ficar na memória das pessoas, e junto com elas vem os guerreiros, e alguns são muito mais famosos do que outros devido aos seus feitos heroicos e habilidade excepcional.
Confira a quarta parte dessa série de matérias, e se você quiser ver os maiores guerreiros do mundo animal, clique aqui.

Domínio público
Você não pode fazer uma lista dos maiores guerreiros sem mencionar o incrível monarca do reino Zulu, Shaka’ kaSenzangakhona, mais conhecido como Shaka Zulu.
Nascido em 1787 Shaka era na verdade o filho do chefe do clã Zulu, mas como ele era ilegítimo ele teve de morar com sua mãe, seu irmão foi quem acabou assumindo o lugar de chefe quando seu pai morreu.
Ao atingir a adolescência, Shaka seguiu os costumes dos Mtetwa, e juntamente com os outros rapazes da sua idade integrou o regimento do exército da tribo. Shaka se mostrou um ótimo guerreiro mas não foi só isso que o fez famoso, ele também era muito esperto e quando se tornou o chefe ele revolucionou completamente o exército da tribo, ele introduziu novas táticas de combate, novas armas mais fáceis de manusear e uma nova formação conhecida como "Chifre de Touro", que era uma tática que visava tanto ataque quanto defesa, ela era tão boa que virou a formação padrão dos Zulus pelos próximos 90 anos, naquela época as guerras eram travadas a distância mas Shaka preferia o combate corpo-a-corpo. No começo ele não tinha muita influência e nem respeito das tribos rivais, mas com o tempo isso mudou drasticamente.
Como se isso não bastasse ele provou que não era um guerreiro comum que só pensava em sangue, naquela época crianças de até 6 anos já podiam ir a guerra, mas Shaka preferia manter elas como aprendizes, segundo relatos ele também preferia conversar e fazer acordos com tribos inimigas do que partir para a batalha.
Shaka era tão bom que ele resolveu que queria ser o chefe oficial dos Zulus, e para isso matou seu próprio irmão (com a ajuda de um outro irmão). O que Shaka fez não era exatamente "legal" pelas regras da tribo, mas como ele fez um "golpe de estado" sem derramar muito sangue ele ganhou o respeito dos outros e virou o "rei" oficial, algumas fontes ainda dizem que Shaka teria matado sua própria mãe no processo, mas na verdade ela morreu de desinteira anos depois.
Agora seu exército era ainda mais poderoso do que nunca, eles lutavam com armas simples: lanças, escudos de couro, um porrete para arremessos e, se tudo isso falhasse, eles ainda tinham o "cuspe de veneno", uma substância tóxica encontrada numa erva que era mastigada pelos guerreiros de Shaka, que a cuspiam no rosto dos inimigos durante os combates, causando grande irritação nos olhos deles. O Rei Zulu era imparável, ele dominou diversos territórios de tribos rivais e seu domínio ficou 12 vezes maior do que ele era antes, e ele também era muito vingativo. Quando seu amigo Dingiswayo foi morto pelo chefe de uma tribo rival, Shaka pegou a mãe desse chefe e acorrentou ela em uma casa junto com chacais e hienas que a devoraram viva, na manhã seguinte ele queimou a casa, o chefe rival só seria morto por Shaka muito tempo depois.
As outras tribos não eram mais uma ameaça a Shaka mas ele iria encontrar um inimigo nunca visto antes: homens brancos. Naquela época europeus estavam invadindo a África para escravizar os negros. Acredita-se que Shaka primeiramente encontrou os britânicos, que deram remédios para Shaka e seu povo, os dois lados se tornaram amigos e o Zulu deu terras para eles como forma de agradecimento, ele também permitiu que eles tivessem acesso a tribo, graças a isso os europeus fundaram a cidade de Port Natal. 
Mas a segunda vez que Shaka se deparou com brancos não foi tão amigável, os europeus queriam transformar os guerreiros em escravos e por isso eles entraram em guerra, mas mesmo os europeus tendo armas de fogo e os africanos usarem apenas lanças e escudos, eles mataram o chefe dos invasores e 70 de seus homens, na segunda batalha eles perderam e recuaram, mas no fim os europeus foram movidos para outro lugar.
Tudo ia bem para para o Rei Zulu, mas a tragédia ia acontecer. Em outubro de 1827 a mãe de Shaka morreu de disenteria, e ele ficou completamente louco com a perda, literalmente louco, ele mandou que os Zulus entrassem em um período de luto por três meses. Shaka ordenou que não fossem plantadas colheitas durante o ano seguinte ao luto, não se usasse leite (a base da dieta Zulu na época), e qualquer mulher que engravidasse deveria ser morta junto com seu marido. Pelo menos 7.000 pessoas foram executadas porque elas não "estavam tristes o suficiente" com a morte da mãe dele, até algumas vacas foram abatidas para que seus bezerros soubesse como era perder uma mãe.
Obviamente Shaka não podia mais governar devido ao seu estado mental, por isso em 24 de setembro de 1828 Shaka foi assassinado por seus dois meios-irmãos e um terceiro assassino aos 41 anos de idade. Um fim trágico para o grande guerreiro.
Depois de sua morte seu meio-irmão Dingane assumiu o trono, ele encontrou alguns problemas mas resolveu eles, e os Zulus continuaram usando os ensinamentos de Shaka por vários anos. 
E o ex-Rei Zulu será sempre lembrado devido a sua importância histórica e suas grandes táticas de batalha, já escreveram livros sobre ele, fizeram séries de TV sobre ele, filmes e até música, ainda hoje ele é considerado o mais importante Zulu da história. E o que aconteceu com sua tribo? Eles estão bem vivos até hoje, existem cerca de 11 milhões de Zulus espalhados pela África e pelo menos alguns deles ainda devem estar contando a lenda de Shaka para seus descendentes tribais.

Domínio público
As aparências enganam, e Audie Murphy é um dos melhores exemplos disso, afinal quem olha pra esse rosto dificilmente imagina que ele é um dos soldados mais condecorados da história. Mas vamos começar do começo.
Audie foi o sétimo de doze filhos de um casal de sharecropers, ou seja, seus pais deixavam outras pessoas plantarem em suas terras desde que eles ficassem com parte do produto final. O jovem Audie era uma criança solitária com um temperamento explosivo, seu pai abandonou a família e ele saiu da escola para trabalhar colhendo algodão ganhando 1 dólar por dia, e para não morrer de fome ele teve de aprender a caçar com um rifle. Aos 16 sua mãe morreu (algo que o tocou profundamente) e alguns de seus irmãos foram mandados para o orfanato.
Murphy sempre quis ser um soldado e depois de passar por vários empregos vagabundos ele se alistou, mas o exército, marinha e aeronáutica rejeitaram ele porque ele era muito novo e fraco, ele não tinha o tipo físico e nem o peso mínimo de um soldado, sua irmã teve então de falsificar seus documentos para que ele fosse aceito, assim ele se envolveu com a Segunda Guerra Mundial.
Audie passou por diversas missões, nem mesmo quando ele ficou doente com malária ele desistiu, por isso ele foi subindo de ranking com o passar do tempo. Alguns de seus maiores feitos incluem: avançar sozinho para uma casa enquanto recebia fogo inimigo (matando 6, ferindo 2 e prendendo 11), mandar direções via rádio aos seus homens por uma hora enquanto era atacado por soldados inimigos, e capturar dois snipers inimigos depois de ser atingido na perna (essa ferida infecionou e ele perdeu um pedaço dela).
Tudo isso rendeu a Audie muitas medalhas, aos 19 ele já tinha ganhado uma Medalha de Honra e continuou ganhando outras.
Mas seu feito mais famoso aconteceu na Alemanha, quando os nazistas atiraram em um tanque de guerra fazendo ele pegar fogo, Murphy ordenou que seus homens recuassem para o bosque, permanecendo sozinho em seu posto, disparando sua carabina M1 e dirigindo fogo de artilharia através de seu rádio enquanto os alemães apontaram suas armas diretamente para sua posição. Murphy, sem outra opção, montou no tanque que ainda estava pegando fogo e começou a atirar sua metralhadora de calibre .50 nos alemães, matando um esquadrão que estava rastejando através de uma vala em sua direção. O tanque podia explodir a qualquer momento mas Murphy ficou nele por uma hora inteira, matando ou ferindo 50 alemães. Ele sofreu uma ferida na perna e parou somente depois que ele ficou sem munição. Murphy voltou para seus homens, ignorando sua própria ferida, e os levou de volta para repelir os alemães, minutos depois dele descer do tanque em chamas ele finalmente explodiu. Ele insistia em permanecer com seus homens enquanto suas feridas eram tratadas e por suas ações naquele dia, ele foi premiado com mais medalhas (no total ele ganhou 20 das mais condecoradas medalhas).
Depois desse incidente ele ficou no exército mais um pouco mas acabou exonerado de suas funções algum tempo depois, mas sua história não acabou ainda.
Depois da guerra Murphy sofreu de paranoia, ele dormia armado, ás vezes nem dormir ele conseguia, ele sofria pesadelos, sofria de dores de cabeça e acabou ficando viciado em remédios. Para superar o vício ele mesmo se trancou em um quarto de hotel sozinho por uma semana. Ele pediu ao governo que dessem mais atenção e estudo ao impacto emocional das experiências de combate e ampliassem os benefícios de assistência médica aos veteranos de guerra, mas foi ignorado, como um soldado ele era ótimo mas agora ele era apenas um estorvo para o governo.
Devido a fama que ele havia ganhado na guerra ele foi convidado para atuar em filmes de baixo orçamento sobre o velho oeste, no total ele participou de uns 30 filmes e séries em 21 anos de carreira. Segundo ele mesmo, ele fazia "o mesmo filme com cavalos diferentes", ele também disse que se sentia "como uma prostituta". Ele chegou a se casar com uma atriz mas se divorciou apenas dois anos depois, quatro dias depois ele se casou com outra mulher com quem teve dois filhos.
Tudo ia de maneira razoável na vida de Murphy até que tudo chegou ao um fim brusco. Em 28 de maio de 1971 Audie Murphy sofreu um acidente de avião, ele faleceu aos 45 anos. Seu corpo foi enterrado com todas as honras, monumentos foram erguidos em sua homenagem e ele ganhou mais medalhas, sua esposa e filhos ganharam 2,5 milhões de dólares como indenização devido ao acidente. Fizeram músicas para ele e até nomearam um hospital em sua honra, e agora sempre ele será lembrado por seus incríveis feitos e até pelos seus filmes, que depois de sua morte são considerados clássicos por muitos.

Domínio público
Você com certeza já ouviu falar de Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen, você só não sabe ainda, mas até o final dessa matéria você vai descobrir quem ele foi.
Richthofen nasceu em 1892 e ele era um Freiherr (literalmente "Lord Livre"), um título de nobreza muitas vezes traduzido como "Barão". Seu pai era um Major e o jovem Manfred aprendeu desde cedo a montar cavalos, ele também era muito bom em ginástica, que ele praticava na escola, e até ganhou vários prêmios por isso. Ele e seus irmãos também aprenderam a caçar javalis, alces, pássaros e veados. Devido ao posto de seu pai seu treinamento militar começou aos 11 anos.
Manfred logo ingressou em uma unidade de cavalaria e batalhou durante a Primeira Guerra Mundial, mas como as guerras eram batalhadas em trincheiras a unidade de Manfred se tornou obsoleta e ele acabou sendo usado como um operador de telefones. Desapontado, chateado e cansado de não poder batalhar na guerra de verdade ele pensava em mudar de posto, e quando seus chefes queriam colocar ele no almoxarifado do exército ele decidiu se juntar ao Serviço Aéreo, já que ele se interessava por aviões alemães. No seu pedido de transferência ele escreveu "Eu não fui à guerra para coletar queijo e ovos, mas para outro propósito" e para a surpresa geral ele foi aprovado.
Em 1915 Manfred esteva treinando para ser um piloto junto com seu irmão, no começo ele não era tão bom assim, ele não conseguia se equilibrar no ar e até mesmo caiu durante o treinamento, ele foi classificado como abaixo da média, mas, novamente para a surpresa geral, ele conseguiu aprender a voar, ele até mesmo conseguiu destruir alguns aviões inimigos e voar através de uma tempestade (contra o conselho dos outros pilotos).
Richtofen comemorava suas vitórias mandando fazer um Copo de prata gravado com a data e o tipo de avião inimigo, no total ele tinha incríveis 60 copos, significando que ele tinha destruído 60 aviões inimigos, muito acima da média de um soldado de sua unidade. Ele só parou de fazer esses copos porque acabou o suprimento de prata. Ao contrário de seu irmão (que havia destruído 40 aviões) Manfred não era agressivo e nem acrobático no céu, mas era um ótimo planejador que usava o Sol a seu favor para cegar os seus inimigos.
Sua maior vitória veio em novembro de 1916 quando ele matou o lendário aviador britânico Lanoe Hawker, que embora estivesse lutando no outro lado da guerra era respeitado por Manfred, que agora também já era uma lenda.
Além de ser um ótimo piloto Manfred gostava de pintar seus aviões com um vermelho brilhante para chamar a atenção de seus inimigos e deixar claro quem ele era. 
A partir de então Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen ganhou o apelido que o deixaria famoso pelo mundo e pela história, você já sabe quem ele é? Devido ao seu avião vermelho e ao seu título de nascença ele passou a ser chamado de Der Rote Kampfflieger (O Aviador Vermelho) mas seu apelido que mais se destacou foi "O Barão Vermelho".
Isso mesmo, Manfredd era a lenda viva conhecida como o Barão Vermelho, um homem tão bom em sua missão que muitos acham que ele era apenas uma lenda. Ele até chegou a se machucar algumas vezes, mas sempre voltava para o céu... até o dia em que ele não voltou.
Ás 11 da manhã de 21 de abril de 1918, o Barão Vermelho estava perseguindo um inimigo em baixa altitude quando ele foi fatalmente atingido, só que ele foi atingido por um soldado que estava no chão e não em um avião. A bala perfurou seu coração e seu pulmão, mesmo assim ele conseguiu reunir forças para pousar o avião.
Existem várias teorias de porque o Barão se deixou matar, afinal ele sabia que voar perto do chão era perigoso, alguns dizem que ele tinha problemas mentais causados por um acidente antigo, outros que ele estava depressivo, afinal ele só tinha 25 anos quando morreu. Também existem teorias sobre quem atirou nele, mas nenhuma é realmente a oficial.
O governo alemão tinha medo de que a morte de uma lenda igual o Barão fosse afetar a moral do povo alemão, mas para piorar as coisas o Barão foi morto em território inimigo e eles tinham medo do que podia acontecer ao seu corpo, mas para a surpresa da história, o Barão era tão respeitado que até os seus inimigos meio que gostavam dele, e enterraram ele com todas as honras.
O nome Manfred von Richthofen pode não ser muito conhecido, mas o apelido Barão Vermelho é, já fizeram filmes, livros e jogos sobre ele, ele inspirou o personagem das tirinhas do Snoopy e Charlie Brown, e ainda deu o nome a banda do Cazuza. Ele ganhou vários tributos e, como se isso tudo não bastasse, antes de morrer o Barão escreveu sua autobiografia chamada "The Red Baron Flyer", então é difícil que as pessoas esqueçam quem ele foi.

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