1 de abril de 2017

Os maiores guerreiros do mundo animal #2

Guerreiros podem vir de todas as nacionalidades, tamanhos, épocas e até espécies. Você já conheceu alguns dos maiores soldados, guerreiros e espiões que já viveram, e agora você vai ser a segunda parte dessa matéria que vai mostrar mais alguns animais que inspiraram as pessoas com sua bravura e inteligência. Confira, você não vai se arrepender.

USMC Archives, CC BY 2.0 DEED, imagem cortada
Se você leu a primeira parte dessa matéria você sabe que desde a Segunda Guerra Mundial o exército deixou de reconhecer os feitos de animais em guerras, assim apenas soldados levavam os créditos, mas vamos avançar um pouco no tempo para a Guerra do Vietnã de 1955. Nessa época o exército tinha avançado em sua campanha contra cães de guerra, tanto que eles nem eram mais considerados seres vivos e sim "equipamento extra". Eles nem ao menos tinham nomes de verdade e sim um nome seguido por um número de identificação. Esse foi o caso do pastor alemão Nemo A534.
Pouco se sabe sobre o passado de Nemo, afinal ele era um objeto então sua história não precisava ser contada, mas o que ele fez na guerra chamou a atenção das pessoas e o tornou famoso mesmo assim.
A base aérea de Tan Son Nhut, onde Nemo estava estacionado, caiu sob um ataque surpresa dos Viet Cong nas primeiras horas de 4 de dezembro de 1966. Nemo, como o bom cão de guarda que ele era, defendeu sua base com garras e dentes e no processo acabou perdendo um olho e sofrendo um ferimento de bala no focinho. 
Apesar de suas lesões graves, Nemo ainda queria lutar e conseguiu repelir o ataque e salvou a vida de seu tratador, o aviador Robert A. Throneburg, que também havia sido ferido em batalha. Rastejando através do corpo de Throneburg, Nemo atacava qualquer soldado inimigo que se aproximasse dele, ele fez isso por horas até que a equipe médica aliada finalmente chegou em sua base.
Embora Nemo tenha feito todo o trabalho foi seu treinador que recebeu as várias medalhas daquela dia, mas o cachorro não ligava, ele só queria fazer seu trabalho.
Mesmo sem receber os créditos a história de Nemo se espalhou e o E.U.A deixou com que Nemo voltasse para casa e se tornasse um dos primeiros K-9 a se aposentar, ele voltou para seu lar e levou uma vida tranquila na base militar até sua morte em 1972. Até hoje existe um memorial em sua honra no local onde ele faleceu.
Embora o pastor alemão tenha se aposentado, os outros cães de guerra da Guerra do Vietnã não tiveram tanta sorte, os militares abandonaram e executaram milhares de unidades K-9 quando a guerra acabou. Os que foram abandonados no Vietnã não se sabe o que aconteceu, eles podem ter sido mortos pelos soldados inimigos, mortos pela fome e sede ou mortos para serem consumidos como comida pelos vietnamitas.

Domínio público
Não é só cães que os militares usam em suas campanhas, e os poloneses, que adoram ser extremos, decidiram dar uma de russos e adotaram um urso de guerra, e seu nome era Wojtek.
Provavelmente nascido em 1942 o filhote de urso-siríaco foi adotado pelos soldados da 22ª Companhia de Suprimentos de Artilharia do Segundo Corpo do Exercito Polonês. Alguns soldados estavam no Irã quando eles viram um garoto com um filhote de urso cujos pais haviam sido mortos por caçadores, eles então resolveram comprar o jovem filhote que foi logo batizado de Wojtek, que significa em eslava "aquele que se diverte com a guerra" ou "guerreiro sorridente". O garoto vendeu o urso em troca de comida, especialmente latas de carne, e Wojtek passou por várias Companhias diferentes até ficar com a 22°.
Desde o princípio o urso foi uma atração para os soldados e civis da área, tornando-se o mascote não-oficial de todas as unidades estacionadas na região. Por ter menos de um ano de idade o filhote enfrentava dificuldades de engolir, e teve de ser alimentado com leite condensado, colocado em uma garrafa vazia de vodka. Posteriormente, ele passou a ser alimentado com frutas, melaço, marmelada e mel, além de ser frequentemente presenteado com cerveja, que acabou tornando-se sua bebida favorita. Ele também comia cigarros (não se sabe se por vontade própria ou adestramento forçado), mas o que ele realmente adorava era brincar de luta com os soldados que também lhe ensinaram a saudar quando cumprimentado. 
Graças ao seu imenso carisma ele foi oficialmente integrado ao Exército da Polônia, passando a ser listado entre os soldados da 22ª Companhia de Suprimentos de Artilharia do Segundo Corpo do Exército Polonês, ele tinha seu próprio "salário", número de identificação e até mesmo dormia na mesma tenda dos outros soldados. Junto à tropa, ele passou pelo Iraque, Síria, Palestina e Egito, antes de finalmente seguir para o sul da Itália.
De acordo com diversos testemunhos Wojtek ajudou seus tratadores durante a famosa Batalha de Monte Cassino, mas seu trabalho não era atacar os soldados inimigos como muitos pensam e sim carregar caixas de munição para que os soldados não ficassem encurralados, e acredite se quiser, ele nunca derrubou nenhuma delas. Em reconhecimento à popularidade do animal, o Quartel-General autorizou que a imagem de um urso segurando um projétil de artilharia fosse adotada como emblema oficial da 22ª Companhia.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, o urso foi transportado para Berwickshire, Escócia, estacionado com as tropas na vila de Hutton, próximo a Duns, Wojtek logo tornou-se uma sensação entre a imprensa e os moradores locais, sendo inclusive admitido como membro na Associação Polaco-Escocesa da região. Após a desmobilização em 15 de novembro de 1947, o urso foi doado ao Zoológico de Edimburgo. Ele passou ali o resto de seus dias, sendo visitado com frequência por jornalistas e ex-soldados poloneses, alguns dos quais ainda lhe forneciam cigarros.
Wojtek morreu em dezembro de 1963, aos 22 anos de idade. Na época de sua morte ele pesava aproximadamente 250 quilos e media em torno de 1,80 m. Sua história já havia sido contada várias vezes até aquele ponto, mas o amigável urso ainda tinha o respeito de muita gente e várias estátuas e memoriais dele começaram a ser erguidos, filmes e canções foram feitos em sua honra, ele até mesmo aparece em um jogo de cards, graças a tudo isso o amigo urso e sua história nunca serão esquecidos.

Domínio público
Cavalos sempre foram uma grande parte das guerras humanas, seja como montaria ou para transporte de equipamentos os equinos vem ajudando forçadamente os humanos por vários séculos, e um dos cavalos de guerra mais famoso de todos os tempos (depois daquele de Troia) foi a Sergento Reckless.
Reckless (ou Imprudente) era uma égua castanha de patas brancas de 1,40 m e mais de 400 Kg. Seu dono era um coreano que trabalhava em um estábulo e seu nome original era Ah Chim Hai que significa algo como "Chama do Amanhecer", o coreano concordou em vender o cavalo para os militares americanos (que precisavam de um animal de carga) porque ele precisava dos $250,00 para comprar uma prótese para sua irmã, que havia pisado em uma mina terrestre e perdido uma perna. Durante a venda o coreano começou a chorar quando o cavalo foi embora.
Em 1952 sua carreira militar começou, agora como propriedade dos Marines americanos a pequena égua foi usada como burro de carga, carregando quase 100 kg de munição de uma vez só, além disso ela recebeu treinamento especializado para cavalos, como por exemplo: como não ficar presa em arame farpado, se abaixar durante tiroteios e correr para um bunker ao ouvir a ordem. Embora a égua vivesse em um pasto, com o passar do tempo ela passou a dormir do lado de dentro junto com os soldados, os Marines a alimentavam com tudo, incluindo cerveja e Coca-Cola, ela não podia ser deixada sozinha na cozinha porque ela devorava tudo mesmo, incluindo: bacon, chocolate, torradas, ovos, doces, batatas, sanduíches, até mesmo seu próprio cobertor e $30 dólares em fichas de póquer.
Ela era super-esperta, quando alguém ensinava uma rota nova para ela bastava duas ou três vezes para decorar o caminho, os soldados não tinham permissão para montar nela, mas claro que eles quebravam essa regra colocando a égua em perigo.
Sua realização mais importante veio durante a batalha de Panmunjom-Vegas durante o período de 26 até 28 março de 1953, quando ela fez 51 viagens individuais em um único dia, transportando um total de 386 rodadas de munição para rifles sem recuo (mais de 4.000 Kg no total), andando mais de 50 Km por dia. Ela foi ferida duas vezes durante a batalha: por estilhaços sobre o olho esquerdo e outra vez em seu flanco esquerdo, mas ela nunca desistiu. Por suas realizações durante a batalha de Vegas Hill, "Imprudente" foi promovida a cabo.
Ela continuou trabalhando por vários meses depois disso sendo promovida a Sargento em 1954, ela até entrava em navios, da primeira vez ela ficou enjoada e vomitou mas acabou se acostumando. Com o fim da guerra a égua ganhou 9 das mais importantes condecorações do exército e foi saudada com 19 tiros por 17.000 soldados.
Quando a égua se aposentou (com todas as honras) eles tiveram alguns problemas para levar ela para os E.U.A, ela só entrou depois de ter seu sangue recolhido para exames, quase se atrasando para um banquete em sua homenagem, o Departamento de Agricultura disse que se ela estivesse doente ela seria morta ou deportada, os Marines não ficaram muito felizes com a declaração mas não fizeram nada.
A égua se tornou famosa, teve várias reportagens sobre sua história e ela até apareceu em alguns programas de TV da época, ela passou a viver em uma base militar onde teve 4 filhotes, Fearless (Destemido) em 1957, Dauntless (Impiedoso) em 1959 e Chesty (Corajoso) em 1964, seu quarto filhote nascido em 1965 morreu antes de completar um ano e nunca recebeu um nome.
Em 1968, aos 20 anos de idade, Reckless desenvolveu artrite em suas costas e caiu em cima de arame farpado, ela morreu enquanto estava sedada ao ter seus ferimentos tratados. Várias homenagens e memoriais foram feitos em sua imagem, e a égua apareceu no Top 100 Heróis Americanos da revista LIFE.
Considerada a égua mais importante de todos os tempos pelo exército americano "Imprudente" e sua história sempre serão lembrados pelo público.

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